Balança comercial registra em março primeiro superávit mensal de 2015

Em março, exportações superaram importações em US$ 458 milhões.

No trimestre, porém, houve déficit comercial de US$ 5,55 bilhões.

Em março, as exportações superaram as importações em US$ 458 milhões, resultando em superávit da balança comercial brasileira. Foi o primeiro mês deste ano no qual as transações comerciais ficaram no azul, com mais vendas externas do que compras do exterior. Também foi o maior saldo positivo para março desde 2012 (+US$ 2 bilhões).

Em janeiro, a balança comercial registrou déficit (com mais importações do que vendas externas) de US$ 3,17 bilhões e, em fevereiro, o resultado ficou negativo em US$ 2,84 bilhões. Já em dezembro do ano passado, o saldo foi superavitário em US$ 293 milhões.

Segundo o governo, as exportações somaram US$ 16,97 bilhões em março, com queda de 16,8% na comparação com o mesmo período do ano passado, por conta da queda das vendas de básicos (-29,7%) e manufaturados (-6,1%). Por outro lado, os produtos semimanufaturados registraram aumento de 8,8% nas vendas externas em março.

Do lado das importações, que totalizaram US$ 16,52 bilhões em março, houve recuo de 18,5% frente ao mesmo mês de 2014 por conta da retração de compras de todas as categorias de produtos do exterior. Os combustíveis e lubrificantes registraram queda de 28% nas importações, as matérias-primas e intermediários de 18,8%, os bens de capital de 16,3% e os bens de consumo de 13,7%.

"É uma trajetória esperada para a balança [superávit em março], porque começa a entrar a safra. A gente viu um movimento mais forte para a soja nas duas últimas semanas do mês [passado]. Fez reverter o déficit do mês. Só nessa última semana, a gente teve 840 mil toneladas de soja exportada. A gente espera um forte volume para os próximos meses", declarou o diretor de Estatística e Apoio à Exportação do Ministério do Desenvolvimento, Herlon Brandão.

Primeiro trimestre
Nos três primeiros meses deste ano, ainda segundo dados oficiais, a balança comercial registrou déficit (importações maiores do que vendas externas) de US$ 5,55 bilhões. Apesar do saldo negativo, houve pequena melhora frente ao mesmo período do ano passado, quando o déficit das transações comerciais do Brasil somou US$ 6,07 bilhões.

Na parcial de 2015, as exportações somaram US$ 42,77 bilhões, com média diária de US$ 701 milhões (queda de 13,7% sobre o mesmo período do ano passado). As importações, por sua vez, somaram US$ 48,33 bilhões, ou US$ 792 milhões por dia útil, uma queda de 13,2% em relação ao mesmo período de 2014.

Segundo Brandão, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o governo continua esperando que a balança comercial registre superávit neste ano. Ele não estimou, entretanto, um valor para o saldo positivo. De acordo com ele, a alta do dólar, que barateia as exportações e torna as importações mais caras, "ajuda a mitigar o efeito da queda dos preços". "Não é imediato o efeito. Mas as quantidades ainda demoram um pouco para reagir [ao dólar mais alto]", declarou.

De acordo com os dados oficiais, o saldo da balança comercial, no primeiro trimestre deste ano, foi influenciado positivamente pelo movimento da conta petróleo, que registra importações e vendas externas de petróleo e derivados. Nos três primeiros meses do ano passado, o déficit dessa conta somou US$ 4,54 bilhões, caindo para um saldo negativo de US$ 3,26 bilhões no mesmo período deste ano. Uma diferença de US$ 1,28 bilhão.

Resultado de 2014
Em 2014, a balança comercial brasileira teve déficit (importações maiores do que vendas externas) de US$ 3,93 bilhões, o pior resultado para um ano fechado desde 1998, quando houve saldo negativo de US$ 6,62 bilhões. Também foi o primeiro déficit comercial desde o ano 2000, quando as compras do exterior ficaram US$ 731 milhões acima das exportações.

De acordo com o governo, a piora do resultado comercial no ano passado aconteceu, principalmente, por conta da queda no preço das "commodities" (produtos básicos com cotação internacional, como minério de ferro, petróleo e alimentos, por exemplo); pela crise econômica na Argentina – país que é um dos principais compradores de produtos brasileiros – e pelos gastos do Brasil com importação de combustíveis.

Estimativas do mercado e do BC para 2015
A expectativa do mercado financeiro para este ano, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central com mais de 100 instituições financeiras na semana passada, é de melhora do saldo comercial. A previsão dos analistas dos bancos é de um superávit de US$ 4 bilhões nas transações comerciais do país com o exterior.


Já o Banco Central prevê um superávit da balança comercial de US$ 6 bilhões para 2015, com exportações em US$ 234 bilhões e compras do exterior no valor de US$ 228 bilhões.